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Crítica | Os Estranhos: Caçada Noturna (2018) - O filme é basicamente uma homenagem aos clássicos dos anos 70/80


Os Psicopatas Mascarados- Reprodução: IMDB


Dez anos se passaram desde a estréia de Os Estranhos, filme onde um casal é perseguido por psicopatas mascarados durante toda uma madrugada, em uma atmosfera de suspense e tensão crescente. Em contrapartida, Os Estranhos: Caçada Noturna, a aguardada sequência pelos fãs, não foi mais do que uma homenagem a filmes clássicos da década de 70 e 80.

O primeiro filme dirigido por Bryan Bertino (roteirista e produtor executivo da sequência) consegue envolver apesar do ritmo desacelerado, mas em Caçada Noturna parece que os personagens estão andando em círculos, e mesmo com uma duração curta semelhante ao primeiro, dá a impressão de um filme mais longo devido ao roteiro desonesto.

A trama acompanha uma família prestes a fazer uma última viagem para um parque de trailers de parentes da família, onde logo depois os pais irão mandar a filha adolescente problemática para um colégio interno. Mas a viagem que deveria ser divertida e reflexiva torna-se um pesadelo, quando eles descobrem os corpos dos tios assassinados pelos mascarados em um dos trailers.

A partir dos acontecimentos iniciais o filme sinaliza mais do mesmo do gênero terror, e não estou me opondo ao clichê, mas aqui ele se sobressai, ao invés de somar-se a outros elementos narrativos. Vemos personagens tendo atitudes nada inteligentes e absurdas para a situação, por exemplo, em uma discussão entre os pais e a filha, eles a deixam sair em plena noite e se afastar do trailer onde eles estão, detalhe, antes disso, uma estranha bate na porta com o velho bordão “A Tamara Está?” (Depois disso o gore começa). Mas só pelo simples fato do lugar parecer inóspito, é um bom argumento para não deixar a filha sozinha no escuro da noite.

Bailee Madison (Kinsey) Reprodução: IMDB

Em questão, de roteiro o longa dirigido por Johannes Roberts (Floresta dos Condenados) acaba entregando personagens que nãos nos importamos, diálogos bobos, e para não ser injusto, a personagem da atriz Bailee Madison (Os Feiticeiros de Waverly Place), que interpreta a adolescente emburrada, Kinsey é a que entrega mais em atuação. Christina Hendricks (Mad Men) faz a mãe que não se dá bem com a filha, mas a relação entre elas não passa sinceridade. Martin Henderson (Grey´s Anatomy) está no papel de pai porque tinha que ter um no roteiro, apenas isso. Particularmente, os únicos que interagem de uma maneira mais crível são os irmãos, Luke (Lewis Pullman) a adolescente Kinsey.

Visualmente Os Estranhos: Caçada Noturna é um show à parte. A direção de arte de Ryan Samul (Apaixonados em Nova York) se apropria muito bem dos elementos estéticos, como a manipulação de luz e sombras trazendo em certos momentos tensão e medo, uma vez que você não sabe quem está à espreita no parque de trailers desalumiado. Diferente do primeiro filme, este usa planos mais abertos para tentar causar alvoroço no espectador com movimento de câmera enervante. Os psicopatas mascarados continuam assustando na mesma proporção do primeiro filme, tendo inclusive, falas (uma ou duas palavrinhas rápidas, mas que remete a idéia das motivações deles ou quem sabe nenhuma). O diretor se utiliza muito bem das técnicas de câmeras para deixar um dos estranhos ainda mais imponente, como se as vítimas não tivessem escapatória.

A trilha sonora é derivada dos flashbacks da década de 80 e por mais que o longa se passe nos dias atuais, até que funciona. Tive a ligeira impressão de que as músicas usadas em ambos os filmes são um gosto pessoal dos estranhos, (Os Mascarados) que no primeiro tem uma pegada mais country, entretanto, de alguma década passada. Tem uma cena super maravilhosa filmada em uma piscina ao som de, pasmem! Bonnie Tyler (Total Eclipse Of The Heart). Peguei-me cantando ao mesmo tempo em que torcendo pela vítima, uma mistura eclética e estranha, mas que funcionou (Ao menos para mim).

Como citei no começo do texto, o filme de Johannes Roberts é nada mais que uma homenagem aos filmes clássicos da década de 70 e 80, como O Massacre da Serra Elétrica de 1974, Christine o Carro Assassino de 1983, Sexta-Feira 13, onde os fãs conseguem notar claramente as influências do diretor logo de cara. John Carpenter, Stephen King Tobe Hooper são fantasmas presentes na obra de Johannes e que traz uma ótima nostalgia para os amantes do gênero terror (Eu sou um deles). Existe também um easter egg que faz referência a outro filme dirigido por Johannes em 2017, (47 Meters Down- Medo Profundo), em um bilhete encontrado pela personagem de Christina Hendricks onde diz para a família ir para a cabana “47”.

Os Estranhos: Caçada Noturna não traz nenhuma novidade, tornando-se uma sequência infeliz e por que não dizer, cansativa? Em que os personagens correm em círculos e parece nunca chegar a lugar nenhum, e isso também serve para a conclusão da trama que dependendo da interpretação de cada um, deixa brecha para uma possível continuação. O que se salva no filme é o visual e o saudosismo, e algumas cenas de tensão e gore.

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